quarta-feira, 20 de março de 2013

JORNALISTA HERALDO PEREIRA FALA DAS DIFICULDADES DA RELAÇÃO ENTRE MAGISTRADO E MÍDIA


O jornalista e advogado Heraldo Pereira, um dos apresentadores regulares do Jornal Nacional, da Rede Globo, instigou os jovens magistrados do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) a utilizar a mídia para educar e prestar esclarecimentos à sociedade. A palestra foi proferida durante o módulo nacional do curso Iniciação Funcional de Magistrados, promovido pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados Ministro Sálvio de Figueiredo (Enfam). 

Pereira enfatizou a necessidade de o juiz interagir com a opinião pública por conta das suas responsabilidades e funções. “O magistrado tem de fazer comunicação, ocupar o espaço político-institucional nos meios de comunicação. Se o juiz não fala, o Judiciário corre o risco de perder densidade política”, afirmou. 

O repórter lembrou a complexidade que é noticiar as atividades do Judiciário, já que os jornalistas – leigos em direito, em sua maioria – têm a obrigação de noticiar assuntos áridos e técnicos de forma compreensível para a média da população. Para tanto, alertou os juízes quanto à necessidade do uso de um vocabulário mais acessível. “O direito usa um vocabulário que as pessoas não falam, não entendem. É preciso fazer com que o cidadão compreenda aquilo que está sendo dito”, explicou. 

Heraldo Pereira defendeu uma relação mais estreita e madura dos magistrados com os jornalistas. Mas deixou claro: “Não temos compromisso com os senhores, não temos compromisso com a instituição, por melhores que sejam os seus projetos. Nosso compromisso é com a opinião pública.” 

Perguntas e respostas 

Além disso, Heraldo Pereira alertou os magistrados a terem cuidado no contato com os jornalistas – “nós sabemos arrancar informações de vocês, sabemos mexer com a vaidade de vocês” –, inclusive em situações informais. Também lembrou aos jovens magistrados que eles não são obrigados a responder a tudo que lhes é perguntado. 

“Nós, jornalistas, podemos perguntar o que quisermos. O problema não é a pergunta. É a resposta, e a resposta é de vocês. Por isso sempre digo para os senhores não se incomodarem com perguntas. Se avaliar que não deve responder, não responda”, ressaltou o jornalista e advogado. 

Outro tema abordado pelo jornalista foi quanto ao uso das redes sociais e outras ferramentas da internet por parte dos juízes. Esses meios, que Pereira classifica como “informais”, são difíceis de ser controlados e monitorados. “Os senhores devem ter cuidado com o que colocam no Twitter ou no Facebook, porque a conta não é só sua, é do Judiciário”, afirmou. 

Heraldo Pereira lembrou que uma frase mal colocada ou uma imagem comprometedora pode ser disseminada para milhares de pessoas rapidamente pela rede. “Não sabemos para onde vai a comunicação informal. Uma vez na rede, foge do controle”, ressaltou. “Não se esqueçam que vocês não deixam de ser juízes nas situações informais, como nas redes sociais. O que você coloca na web pode refletir na sua atividade profissional e na imagem do Judiciário”, explicou. 

O curso Iniciação Funcional de Magistrados prossegue até a próxima sexta-feira (22). 

Fonte: STJ

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